Entrevista Smélio


Smélio

Dantas: Boas Smélio, como foram os teus primeiros passos na cultura Hip-Hop?

Smélio: Boas EFHH. Para ser sincero na cultura Hip Hop acho que ainda não dei passo nenhum... Mas o Rap chegou-me muito cedo, sempre me dei com o pessoal mais velho e com 11 anos, lembro-me que comecei a ouvir Rap e já tentava escrever "pseudo" letras. Sempre ouvi muitos nomes, alguns que com o tempo, nem sei o que é feito e quem são. Em 2001, se não estou em erro, com 13 anos fui para a escola António Sérgio, em Gaia, e lá passou a ser oficial: sou o puto do Rap. E como tal, o recreio e a rua viraram palcos e os amigos o público. Nasce, então, o Smélio. Fiz parte de dois grupos, o primeiro "JET_3" e depois "UBK", fazendo, em maior parte das vezes freestyles, o normal. Como nunco foi um gajo de beats e máquinas, nunca produzi, nunca gravei, só escrevia e cantava o que escrevia para toda gente de forma compulsiva - até mesmo o pessoal dizer "cala-te!", pois já nem conseguiam ouvir tanto. O resto é história. Em 2014 começo a gravar e por cá ando.



Dantas: Como tomaste a decisão de começar a fazer Rap?

Smélio: Não acho que tenha tomado uma decisão, "são modas", como se diz. Só que desde cedo vi que tinha aptidão para a "cena". Sei desenhar, sei pintar, fiz teatro como ator e estudei cenografia, figurinos e adereços. Trabalhei na "área artística", mas a realidade é que sinto-me bem a escrever e a fazer Rap. Como demora um pouco de tempo a crescer o ser humano, e eu não sou execpção, só em 2014, com muito mais clareza sobre o que mexe com a minha "felicidade" na minha vida é o RAP. Se houve decisão foi a de ser feliz pessoalmente, um acto egoísta da minha parte até.



Dantas: Quais são as tuas influências e referências no Rap?

Smélio: Eu sou tuga e como bom tuga que sou, as minhas referências, no geral na tuga, é o comum nada de especial e então agora com a net ouço e vejo tudo. Eu aprendi com o pessoal do teatro e outras áreas manuais no "ramo artístico" a usar sempre a referência como uma ferramenta de trabalho. Alias é o mesmo (para mim) como tentar pintar sem pincel ou até gravar sem microfone, pois eu só escrevo e isso depois é que vira Rap. Conclusão, as minhas referências estão para lá do RAP e até mesmo da música, por exemplo: Molière no que toca a teatro é, de certo modo, uma referência para o meu "RAP". Dá-me jeito quando tento escrever algo mais irónico/cómico, seja punch ou até de "carácter social/politico". Como ele, muitos outros artistas dadaístas (é o meu movimento artistico de eleição, aliás). Quando tento escrever algo mais abstrato ou até mesmo quando brinco com trocadilhos, tanto na métrica, como no conceito no som das palavras ou até nos titulos, eles são a minha fonte de "luz". Mas é como digo, tento ver tudo e tudo será referencia para mim, umas são as que eu escolho como feramentas de trabalho, que ditam meu modo de escrita, meu modo de gerar ideias, minha inspiração, pois refletem as minhas ansias nesses campos, outras são gosto pessoal, por isso não são só referências, são uma boa parte de lazer e aprendizagem confortante, pois também refletem outros tipos de ansias. Depois tenho também a minha vida amigos, familia, vivências, muita observação (sem tentar influênciar a vida "natural" das coisas), isso tambem são referências claro.



Dantas: Qual foi o evento que mais gostaste de atuar? E como ouvinte qual foi o que te marcou?

Smélio: Fácil, o que gostei mais de actuar foi em Vila D'Este, em Gaia há um par de anos atrás. Como ouvinte, gostei em particular de 4: dos Gatos do Beco em General Torres (Gaia), Dealema na Ribeira de Gaia (muito bom!), a apresentação do album "Quebrar do Gelo" do Berna (genial!) e Da Weasel, em Olivera do Douro (Gaia). São referências, lá está, concertos que mostram que com pouco faz-se muito, era puto e foi com o grupo, recordo-se muito bem desses concertos!



Dantas: O que é a RockitMusic?

Smélio: Amigos profissionais, críticos, ouvintes, técnicos... Mas acima de tudo, local de trabalho e uma oportunidade para poder fazer o que curto. Agora escrevo e faço o meu RAP na rua, cafés, casa de amigos, como antes, ou seja, na mesma tenho com quem partilhar, antes de gravar, só que agora dão-me a oportunidade de gravar e mostrar a outros que querem ouvir o que gravo. Com o máximo de qualidade conseguida, com máxima humildade e profissionalismo em áreas onde eu sou leigo e assim fazer-me ouvir. Para outros pode ser o mesmo, uma oportunidade.



Dantas: Queres falar um pouco da tua última mixtape, “Concebo Concerto”?

Smélio: Como o nome indica, a ideia é pegar em sons e conceber concertos. Lá tenho 4 faixas que já me acompanham desde 2013 e que só foram usadas em concertos nunca gravadas ou até trabalhadas para tal. Tenho mais 4 que concebi-as a pensar só em quem vive e que curtia sentir ao vivo, em concerto neste caso. Cada faixa tem a sua ideia e tem principio, meio e fim. Mas curtia que funcionasse como um todo, então as faixas têm todas um caracter de que estou/estão a conceber ou concebi/conceberam algo. Eu escrevo compulsivamente, portanto este trabalho foi "repescar" e selecionar, depois alterar, aprender a gravar devidamente, ensaiar, limpar ideias, voltar a escrever 4 faixas com todo o processo anterior adquirido, até ficar gravado e concebido o concerto.



Dantas: Quais são outras novidades que tens para breve?

Smélio: Concebo concerto RAP em concerto. Dia 14 apresentei a mixtape no Armazém do Chá (Porto) na festa Break Out organizada pela RockitMusic. Outras datas virão.



Dantas: Como achas que vai o movimento Hip-Hop em Portugal?

Smélio: Eu acho que o RAP está melhor: já existe gente a fazer mais do que só comer disto. Quanto ao resto dos movimentos que compõem o HiP HOP não estou por dentro de tudo mas vejo câmaras e juntas a pagar grafittis (para o bem e mal), o mesmo no caso da dança, também já está mais incorporada, o Beat Box vai sobrevivendo, o que é pena, o Dj, de mercado não percebo muito mas vejo muitos... eu não sou a melhor pessoa para dizer se isto é bom ao mau, pois sou mais que acha que tem a ligeira diferença que faz o que lhe compete. O que se calhar não é muito diferente de outros.



Dantas: O que tens a dizer aos mais novos que se estão a lançar no movimento?

Smélio: FORÇA NISSO se for isso! O resto é navegar na maré...



Dantas: Tens algo a dizer a quem te apoia?

Smélio: BEM VINDO ao meu barco e obrigado!!



Dantas: Obrigado por aceitares o convite e continua a fazer o teu trabalho! EFHH.

Smélio: Não tens de agradecer, aliás eu é que agradeço pelo convite e oportunidade. 

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